O que acontece quando os remédios ficam mais caros no país que já tem os remédios mais caros do mundo? O que acontece quando pessoas que lutam para comprar alimentos essenciais, como arroz e feijão, precisam desembolsar ainda mais dinheiro — que elas não têm — para comprar remédios de uso contínuo?

Uma última pergunta: o que acontece quando pessoas que precisam tomar remédios, deixam de fazê-lo por não terem condições financeiras?

Se você pensou em uma ou duas pessoas fazendo isso, pense um pouco mais e imagine o que acontece quando milhares, milhões de pessoas deixam de ser medicadas.

É isso mesmo. Temos uma crise. Temos um aumento substancial de pessoas adoecendo e agravando ainda mais a lotação de postos de saúde, UPAs e hospitais.

Temos mais pessoas sendo afastadas do trabalho. Mais auxílios-doença. Mais uso de automedicação por parte de pessoas tentando substituir medicamentos mais caros por outros mais acessíveis.

As consequências do aumento do preço dos medicamentos em mais de 10% são múltiplas, graves e com desdobramentos imprevisíveis.

 

Desrespeito com a população mais carente

 

É desnecessário dizer que o reajuste autorizado de 10,89% no preço dos medicamentos ficou acima da inflação. O que também aconteceu no ano passado com uma diferença ainda maior.

Isso significa que, agora, os medicamentos representam uma parcela ainda maior na renda do brasileiro.  Alguma coisa deixará de ser comprada.

Mais provavelmente, alguns medicamentos deixarão de ser comprados.

Muitos poderão apelar para receitas caseiras, remédios naturais, correndo o risco de agravar a doença ou interromper o tratamento.

 

Gasto com remédios compromete 12% da renda dos mais pobres

 

Essa foi uma pesquisa do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada no final de 2010. Há mais de 10 anos, o IPEA verificou que, enquanto as famílias mais ricas têm um gasto com remédios que não chega a 2%; “as famílias mais pobres comprometem 12% da renda com a compra de remédios”.

Na avaliação do técnico do Ipea, Luís Carlos Magalhães, “mesmo com os programas de medicamentos genéricos, os custos podem ser muito altos para uma família que tem renda per capita de R$ 50 a R$ 70 por mês. 

Doze anos depois, sabemos que os preços dos remédios têm sido sucessivamente reajustados acima da inflação, o que significa que as famílias mais pobres estão comprometendo muito mais do que 12% com a compra de remédios.

Parte do problema é que, no Brasil, “remédios têm sido tratados como bens de consumo”, diz o doutor em toxicologia,  Leonardo Régis que destaca que isso vai contra as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), com foco no acesso e no uso racional dos medicamentos.

Quando uma parcela significativa da população fica sem acesso aos medicamentos — ou com um acesso limitado, isso traz consequências graves que não podem ser ignoradas.

Se você se interessa por esse assunto e quer ser um profissional de Farmácia capacitado para intervir, propor e executar soluções em prol da população mais carente, conheça os cursos de Pós-graduação em Farmácia do Centro Universitário São Camilo.

 

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