1. Por que os homens procuram menos os serviços de saúde?

Atualmente, o Brasil possui uma população de aproximadamente 106 milhões de homens, representando 49% do total do país. No entanto, apesar dessa significativa presença, ainda persiste uma certa resistência na procura pelos serviços de saúde por parte do público masculino.

Esse cenário é corroborado por diversos estudos que indicam que, em geral, os homens são mais propensos a desenvolver condições de saúde graves e crônicas em comparação com as mulheres, o que, em muitos casos, pode resultar em óbito.

Muitos especialistas atribuem essa relutância dos homens em buscar serviços de saúde à construção social ao longo dos anos sobre o que significa ser masculino. Isso perpetua o estigma de que cuidar da saúde não é uma prática associada à masculinidade.

No entanto, esse modo de pensar é prejudicial de várias maneiras, especialmente no que diz respeito ao diagnóstico precoce e tratamento de doenças no público masculino. Como mencionado anteriormente, homens têm uma maior probabilidade de sofrer de condições que poderiam ter sido tratadas em estágios iniciais e, consequentemente, curadas.

 

  1. Quais as barreiras que impedem o homem de procurar os serviços de saúde?

Diversos especialistas se dedicam a compreender as razões pelas quais os homens demonstram maior resistência em buscar cuidados médicos. Entre os principais motivos identificados em estudos na área estão:

  • Medo de receber diagnósticos de doenças graves.
  • Sentimento de vergonha ao expor-se a um profissional de saúde, independentemente do gênero.
  • A invisibilidade da figura masculina nos serviços de saúde, às vezes reforçada pelos próprios profissionais que associam os check-ups como uma prática mais associada às mulheres.
  • Falsa crença de que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são voltadas exclusivamente para mulheres, idosos e crianças.
  • Associação de masculinidade com a desvalorização do autocuidado e pouca ou nenhuma atenção à saúde.
  • Tendência dos homens a buscarem soluções rápidas para suas condições de saúde, como aquisição de medicamentos em farmácias e drogarias, sem antes procurar a opinião de um médico.
  • Percepção de ineficiência do sistema público de saúde no Brasil, com longos períodos de espera para atendimento, seja em pronto-socorros, UBS, exames específicos ou consultas com especialistas.
  • Dificuldade em conciliar a carga horária de trabalho com os horários de atendimento nos serviços de saúde, levando os homens a priorizarem o trabalho em detrimento da própria saúde, muitas vezes visto por eles como o sustento do lar.

 

  1. Como incentivar os homens a buscarem por serviços de saúde?

A associação do autocuidado com uma prática feminina, a dificuldade de acesso aos serviços e a falta de acolhimento qualificado estão entre os principais motivos para a baixa procura dos homens por cuidados de saúde.

Portanto, iniciativas que enfrentam diretamente essas questões devem ser prioritárias para o poder público e para os profissionais envolvidos na promoção da saúde da população.

Algumas estratégias que os profissionais de saúde podem adotar incluem:

  • Fomentar debates sobre saúde com os homens para sensibilizá-los sobre a importância do autocuidado;
  • Realizar busca ativa na comunidade e fornecer orientações sobre a importância e a necessidade dos cuidados com a saúde;
  • Estabelecer grupos específicos para a população masculina adulta, visando atrair os homens para os serviços e monitorar seu estado de saúde;
  • Buscar formação na área de saúde masculina, com o objetivo de oferecer um atendimento humanizado e especializado, respeitando as particularidades socioculturais.

 

  1. Como se especializar em saúde do homem?

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  • Capacitar profissionais para oferecer a melhor assistência ao público masculino;
  • Aprofundar o conhecimento sobre anatomia urológica;
  • Abordar temas como saúde do homem e políticas públicas;
  • Estimular a adesão a políticas e programas de saúde voltados para os homens;
  • Compreender o contexto sociocultural em que o homem está inserido;
  • Familiarizar-se com os indicadores de mortalidade e morbidade das doenças mais comuns nos homens;
  • Entender a saúde sexual e reprodutiva masculina.

 

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  1. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.944, de 27 de agosto de 2009. Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 ago. 2009. Seção 1, p. 36. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1944_27_08_2009.html. Acesso em: 30 out. 2023.

GOMES, Romeu; NASCIMENTO, Elaine Ferreira do; ARAÚJO, Fábio Carvalho de. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 565-574, mar. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2017000300703&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 out. 2023.

FIGUEIREDO, Wagner. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 1029-1039, jul./ago. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/W7mrnmMQP6jGsnvbnj7SG8N/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 30 out. 2023.

SANTOS, Priscila Henrique Bueno dos. Saúde do homem: invisibilidade e desafios na atenção primária à. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE, 7., 2015, Florianópolis. Anais eletrônicos [...]. Florianópolis: UFSC, 2015. p. 1-14. Disponível em: https://seminarioservicosocial.paginas.ufsc.br/files/2017/05/Eixo_3_084-2.pdf. Acesso em: 30 out. 2023.

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