Alguns dias atrás eu conversava com uma amiga e ela me disse que odiava a balança. Se ela exagerou, não sei, mas há pessoas que sentem exatamente isso por aquele aparelho sempre presente nas farmácias e que alguns deixam debaixo da cama. Na internet você consegue encontrar vídeos de pessoas quebrando balanças ou saindo de cima de uma delas com os olhos marejados, sentindo-se fracassadas ou ridicularizadas pelo peso indicado no visor.

Há pessoas que se sentem realmente ofendidas se alguém menciona em voz alta o quanto elas pesam. Outras invejam o peso que outras pessoas têm e, ainda outras, sentem pânico, vergonha ou ansiedade se um médico ou treinador manda que subam na balança. E não, eu não estou exagerando.

A pergunta é: você deveria dar tanta importância assim à balança? O seu peso é tão importante ou revelador acerca da sua saúde ou condição física?


 Pare de se pesar

É isso que defende a nutricionista Lara Nesteruk que diz não saber quem colocou na nossa cabeça que é possível verificar se engordamos ou emagrecemos através da balança. Ficou surpreso? Vamos à explicação da Lara.

Engordar significa aumentar a quantidade de gordura do corpo. Então, engordar não significa pesar mais. Por definição, engordar significa aumentar a quantidade de gordura corporal. Emagrecer significa, por definição, diminuir a quantidade de gordura corporal.

Feita a definição dos termos, Nesteruk diz que é possível que a balança mostre o quanto uma pessoa engordou ou emagreceu, mas que isso pode não acontecer. Para ilustrar, ela dá um ótimo exemplo: 

Se uma pessoa aumenta sua massa magra em dois quilos. Ela vai subir na balança e estará dois quilos mais pesada; no entanto, ela emagreceu. Porque se ela tem dois quilos de massa magra a mais no corpo, isso significa que o percentual de gordura dela diminuiu. Então, ela aumentou em quilos, mas emagreceu.

A balança apenas mostra o seu peso, ela não diz nada acerca da sua composição corporal. Nesteruk observa também que o componente que mais varia em nosso corpo é a quantidade de água.

“Quando você começa uma dieta, aqueles primeiros dois, três quilos que vão embora, não são de gordura, normalmente são de água” — diz a nutricionista Lara Nesteruk, sem medo de frustrar a alegria de muita gente que está no começo da dieta.

Ou seja, você perde dois ou três quilos e — horror dos horrores — não emagrece nadinha, só perdeu água e seu percentual de gordura não mudou.


 O peso é um indicador — mas, menos importante do que você imagina

O peso é um indicador que diz pouquíssimo acerca do quanto você engordou ou emagreceu. Mesmo o IMC não fornece informação sobre a composição corporal e a distribuição de gordura subcutânea e visceral — além de não considerar as diferenças na composição corporal quanto a gênero, idade e etnia.

Para driblar essas limitações, um artigo do Banco da Saúde sugere valorizar mais outras medidas antropométricas que ajudam na correta avaliação da perda de peso. Algumas delas:

  • Medição dos perímetros da cintura (PC) e anca (PA): método simples que verifica a distribuição do tecido adiposo subcutâneo e intra-abdominal, possibilitando a distinção entre uma obesidade andróide e uma obesidade ginóide, por exemplo.
  • Avaliação das pregas cutâneas: método de avaliação da composição corporal que permite estimar a massa gorda.
  • Análise da Bioimpedância (BIA): método de quantificação da composição corporal que consiste na passagem de uma leve corrente elétrica pelo corpo. Com essa análise é possível calcular a massa magra e a massa gorda através de fórmulas e algoritmos adequados.

Então, pare de dar tanta importância à balança. Seu peso não define você, nem mesmo define o quanto você está saudável, magra ou gorda.

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