O uso de antibióticos revolucionou a medicina moderna, salvando milhões de vidas desde sua introdução. No entanto, o seu uso indiscriminado tem gerado um dos maiores desafios da saúde pública mundial: a resistência bacteriana. 

Ainda que campanhas públicas tenham ajudado a conscientizar a população, elas sozinhas não bastam. É necessário ir além, com estratégias multidisciplinares, capacitação profissional e controle clínico rigoroso.

Neste artigo, você vai entender como os antibióticos funcionam, os impactos do seu uso incorreto, os desafios da automedicação e, principalmente, quais estratégias vão além das campanhas educativas. 

 

Como os antibióticos funcionam?

Os antibióticos são substâncias capazes de matar ou inibir o crescimento de bactérias. Eles atuam de diferentes maneiras: alguns destroem a parede celular das bactérias, outros interferem na síntese de proteínas ou impedem a replicação do DNA bacteriano. 

Cada classe de antibiótico tem um mecanismo específico de ação, o que os torna eficazes apenas contra determinados tipos de infecção.

Por isso, o conhecimento sobre farmacodinâmica e farmacocinética é essencial para uma prescrição segura e eficaz, algo que é aprofundado em uma pós EAD em farmacologia ou em cursos voltados à infectologia clínica.

O problema começa quando os antibióticos são usados de forma indiscriminada, sem diagnóstico preciso ou sem considerar o tipo de bactéria envolvida. Isso favorece o desenvolvimento de cepas resistentes, que não respondem mais aos tratamentos convencionais.

Leia mais: Como as bactérias se tornam resistentes a antibióticos

 

Antibióticos e hábitos de consumo

O uso popularizado dos antibióticos, especialmente em países com menor fiscalização, criou uma falsa ideia de que eles servem para qualquer tipo de infecção. Resfriado, dor de garganta, febre, todas essas doenças já foram tratadas, incorretamente, com antibióticos em algum momento.

Esse comportamento reforça uma cultura de automedicação, agravada pela facilidade de acesso aos medicamentos em farmácias e pela crença de que “se funcionou uma vez, funcionará de novo”.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 50% dos antibióticos são usados de forma inadequada. Esses dados reforçam a urgência de programas educativos contínuos, mas também de formações técnicas, como a especialização em infectologia, que permitam uma atuação mais estratégica por parte dos profissionais.

“Mais da metade dos antibióticos em todo o mundo são usados de forma incorreta — seja sem prescrição, para infecções virais ou por tempo inadequado.” (OMS – Campanha Global de 2015)

 

Os riscos de tomar antibióicos sem prescrição

A automedicação e suas consequImagem de uma placa de Petri com colônias de superbactérias resistentes a antibióticos.ências para saúde pública vão além de um simples erro individual. Ela contribui para o surgimento de superbactérias, eleva o custo de tratamentos e aumenta a mortalidade em infecções comuns.

“Se nenhuma ação for tomada, até 2050 a resistência aos antimicrobianos poderá causar 10 milhões de mortes por ano e um prejuízo acumulado de até 100 trilhões de dólares à economia global.” (Relatório O’Neill – Antimicrobial Resistance Review, 2016)

Quais são os riscos do uso indevido de antibióticos?

Risco Descrição
Falha terapêutica Antibiótico inadequado não combate a bactéria, agravando o quadro clínico.
Efeitos adversos Inclui reações alérgicas, diarreia, toxicidade hepática, entre outros.
Desequilíbrio da microbiota Elimina bactérias benéficas e favorece infecções fúngicas ou distúrbios intestinais.
Resistência cruzada Uso frequente da mesma classe de antibiótico reduz eficácia contra várias bactérias.

Portanto, combater a automedicação é uma prioridade. Mas isso exige mais do que cartazes e campanhas: requer estratégia clínica, formação qualificada e políticas públicas integradas.

Leia mais: Como a venda de medicamentos em supermercados afeta o setor farmacêutico

 

O que são superbactérias e por que assustam o mundo?

As superbactérias são micro-organismos resistentes a múltiplas classes de antibióticos, muitas vezes até mesmo aos de último recurso. Elas surgem principalmente pelo uso excessivo ou incorreto desses medicamentos, tanto na medicina quanto na agropecuária. Quando os antibióticos perdem a eficácia, infecções que antes eram facilmente tratadas passam a representar risco real de morte.

Comparativo visual entre uma bactéria comum e uma superbactéria em placas de Petri com antibiograma. A bactéria comum mostra halos de inibição ao redor dos discos de antibiótico; a superbactéria não apresenta halos, indicando resistência.

Um dos casos mais preocupantes envolveu a bactéria Klebsiella pneumoniae com o gene mcr-1, resistente à colistina — um antibiótico de última linha. Essa cepa foi inicialmente registrada nos Estados Unidos em 2016 e, mais recentemente, foi detectada no nordeste do Brasil em 2024, gerando notícias em canais como O Globo, Boletim Epidemológico do Ministério da Saúde, Folha e CNN. O achado reforça a urgência de vigilância genômica e controle rigoroso do uso de antimicrobianos no país.

A Organização Mundial da Saúde e o CDC listam bactérias como Acinetobacter baumannii, Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos e Neisseria gonorrhoeae como ameaças críticas à saúde pública global. O surgimento e a disseminação dessas cepas exigem ação coordenada entre governos, profissionais da saúde e instituições de ensino.

 

Estratégias de prevenção ao uso irracional de antibióticos

Ir além das campanhas públicas envolve uma abordagem sistêmica. A seguir, destacamos algumas das principais estratégias recomendadas por instituições como a OMS e o Ministério da Saúde:

 

1. Protocolos clínicos baseados em evidências

Hospitais devem adotar protocolos de prescrição padronizados, reduzindo o uso empírico e promovendo tratamentos baseados em cultura microbiológica.

 

2. Programas de Stewardship de Antimicrobianos

Conjuntos de ações coordenadas dentro dos hospitais que visam otimizar a prescrição de antibióticos. Envolvem farmacêuticos, infectologistas e enfermeiros treinados.

“A implementação de programas de gerenciamento de antimicrobianos é essencial para reduzir o uso desnecessário de antibióticos e melhorar os resultados dos pacientes.” (CDC – Centers for Disease Control and Prevention)

 

3. Monitoramento e vigilância

Instituições de saúde devem ter sistemas de monitoramento para rastrear padrões de prescrição e resistência bacteriana.

“A implementação de programas de gerenciamento de antimicrobianos é essencial para reduzir o uso desnecessário de antibióticos e melhorar os resultados dos pacientes.” (CDC – Centers for Disease Control and Prevention)

 

4. Educação continuada

A formação em pós EAD em farmacologia ou especialização em infectologia capacita o profissional para tomar decisões assertivas e orientadas por evidências.

“O investimento na formação de profissionais de saúde é peça-chave na resposta global à resistência antimicrobiana.” (OMS – Manual de Treinamento Profissional sobre RAM, 2022)

 

5. Farmacovigilância ativa

Monitorar eventos adversos e erros de medicação é fundamental para identificar práticas inadequadas precocemente.

 

O papel de profissionais da saúde na prevenção

Farmacêuticos, médicos, enfermeiros e infectologistas desempenham um papel essencial na prevenção do uso irracional de antibióticos. Entre suas responsabilidades estão:

Acompanhar o tratamento: garantir que o paciente cumpra o tempo adequado de uso e a dose prescrita;

Educar pacientes: esclarecer que antibióticos não tratam vírus, como os da gripe e do resfriado;

Conduzir diagnóstico preciso: evitar prescrição empírica quando possível;

Reportar falhas terapêuticas: alimentar bases de dados sobre resistência.

A atuação conjunta entre diferentes áreas da saúde, aliada ao conhecimento técnico atualizado, como o oferecido por uma pós-graduação EAD em farmacologia ou em infectologia, é o que permite avançar de fato na luta contra a resistência antimicrobiana.

 

Conclusão

O uso racional de antibióticos é uma urgência global que exige mais do que campanhas de conscientização. É preciso construir estratégias clínicas, formar profissionais altamente capacitados e envolver toda a sociedade em uma mudança de cultura.

Se você é profissional da saúde, isso passa pela atualização constante. Investir em uma especialização em infectologia ou uma pós-graduação EAD em farmacologia pode ser o diferencial que capacita você para lidar com esse desafio de maneira técnica, ética e eficiente.

Afinal, preservar a eficácia dos antibióticos é uma missão coletiva e cada decisão conta!

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  Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que são antibióticos e como eles funcionam?

São substâncias que eliminam ou inibem o crescimento de bactérias. Podem agir destruindo a parede celular bacteriana, bloqueando a síntese de proteínas ou impedindo a replicação do DNA.

2. Por que o uso incorreto de antibióticos é perigoso?

Porque pode levar à resistência bacteriana — quando as bactérias não respondem mais aos tratamentos. Isso agrava infecções, aumenta custos e pode levar à morte.

3. Antibióticos funcionam contra gripes e resfriados?

Não. Antibióticos combatem bactérias, e gripes ou resfriados são causados por vírus. Usá-los nesses casos é ineficaz e perigoso.

4. Quais os principais riscos do uso indevido?

Falha terapêutica, efeitos adversos, desequilíbrio da microbiota intestinal e resistência cruzada entre diferentes bactérias.

5. O que é automedicação com antibióticos?

É o uso desses medicamentos sem prescrição médica. Essa prática contribui diretamente para o aumento da resistência antimicrobiana.

6. Quais estratégias ajudam a prevenir o uso irracional?

Protocolos clínicos, programas de stewardship, monitoramento, educação continuada, farmacovigilância e capacitação profissional.

7. O que são Programas de Stewardship?

São iniciativas dentro de hospitais que envolvem equipes multiprofissionais para otimizar o uso de antimicrobianos e reduzir a resistência.

8. Como os profissionais da saúde podem atuar na prevenção?

Acompanhando tratamentos, educando pacientes, realizando diagnósticos precisos e reportando falhas terapêuticas.

9. Por que investir em uma pós-graduação em farmacologia ou infectologia?

Porque forma profissionais mais preparados para atuar com segurança, ética e técnica diante do desafio global da resistência bacteriana.

10. Qual o papel da sociedade nesse contexto?

Evitar automedicação, seguir corretamente prescrições médicas e compreender que o uso racional de antibióticos é uma responsabilidade coletiva.

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