1. O que é a Dieta Cardioprotetora Brasileira?

No Brasil, as doenças cardiovasculares figuram como uma das principais causas de mortalidade. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada ano, cerca de 300 mil brasileiros enfrentam o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), com uma taxa de óbito atingindo 30% desses casos. Estima-se que até 2040 esses eventos possam aumentar em até 250% no país.

Visando prevenir e controlar essas estimativas preocupantes, o Instituto de Pesquisa e a equipe de nutrição do Hospital do Coração, em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolveram a Dieta Cardioprotetora Brasileira (Dica Br). Sua proposta não se baseia em restrições alimentares, mas sim em estimular a adoção de uma alimentação equilibrada com alimentos cardioprotetores, visando prevenir ou minimizar os efeitos das doenças cardiovasculares (DCVs).

Um diferencial da Dica Br é que os alimentos sugeridos no cardápio são acessíveis à população brasileira, levando em conta suas particularidades culturais e regionais. Isso torna a dieta mais viável e atrativa para as pessoas, facilitando sua adoção em diferentes contextos.

  1. Para quem o nutricionista deve indicar a Dieta Cardioprotetora Brasileira?

De acordo com o Manual de Alimentação Cardioprotetora desenvolvido em conjunto pelo Ministério da Saúde e pelo HCor, a dieta foi projetada para atender especificamente às necessidades de pessoas portadoras de DCV que já sofreram um evento cardiovascular, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou doença vascular periférica.

Além disso, a dieta também é indicada para indivíduos que apresentam fatores de risco cardiovascular associados à alimentação, o que pode abranger condições como:

  • Dislipidemias;
  • Sobrepeso;
  • Obesidade;
  • Diabetes mellitus tipo 2 controlada;
  • Hipertensão arterial sistêmica bem controlada.

 

  1. Quais são os eixos da Dieta Cardioprotetora Brasileira?

Na Dica Br, os alimentos são categorizados em três grupos, inspirados nas cores da bandeira do Brasil: verde, amarelo e azul. Além disso, há o grupo vermelho, que representa os alimentos aos quais o nutricionista e o paciente devem prestar especial atenção.

Essa abordagem colorida torna a dieta mais visual e fácil de seguir, facilitando o entendimento e a seleção dos alimentos adequados para a saúde do coração. Cada grupo possui suas características específicas, permitindo ao profissional de nutrição personalizar a dieta de acordo com as necessidades e objetivos individuais do paciente.

 

Grupo verde

Esse grupo é centrado na gastronomia e na regionalidade, sendo composto por alimentos que contêm substâncias capazes de proteger o coração, como antioxidantes, vitaminas, fibras e minerais, ou que não possuem componentes prejudiciais à saúde cardiovascular, como sódio, colesterol e gorduras saturadas. Esses alimentos são denominados cardioprotetores.

O foco desse grupo é priorizar o consumo de alimentos e receitas acessíveis e culturalmente aceitos pela população brasileira, levando em consideração a região em que o paciente reside. Em resumo, os alimentos que compõem esse grupo, conforme as informações do Manual de Alimentação Cardioprotetora, incluem:

  • Legumes: beterraba, chuchu, abobrinha, cenoura;
  • Verduras: espinafre, agrião, repolho, alface, couve;
  • Leguminosas: lentilha, feijão, soja, ervilha;
  • Frutas: abacaxi, uva, mamão, laranja, maçã, banana;
  • Leite desnatado e iogurte natural desnatado: é importante estar atento aos produtos processados e ultraprocessados.

 

Grupo amarelo 

O consumo dos alimentos do grupo amarelo deve ser realizado com moderação, pois eles contêm uma maior quantidade de carboidratos, sódio e gordura. Esse grupo é composto por alimentos in natura, minimamente processados e ingredientes culinários.

Quando consumidos em excesso, esses alimentos podem levar ao aumento do peso, dos níveis de glicemia e triglicerídeos, além de agravar doenças crônicas. Por isso, é de suma importância que o nutricionista oriente o paciente a consumi-los com equilíbrio, garantindo que o organismo receba a energia necessária para executar as tarefas do dia a dia.

Dentre os alimentos pertencentes ao grupo amarelo, há opções como:

  • Cereais: arroz branco e integral, linhaça, granola, aveia;
  • Pães: integral, francês, caseiro;
  • Farinhas: rosca, mandioca, tapioca, milho;
  • Tubérculos cozidos: mandioca, mandioquinha, inhame, cará, batata;
  • Óleos vegetais: milho, canola, soja, azeite de oliva;
  • Castanhas: de caju, do Pará, amêndoas, nozes;
  • Doces caseiros simples de frutas: cocada, goiabada, geleia de frutas, doce de abóbora;
  • Mel de abelhas;
  • Macarrão.

 

Grupo azul

Os alimentos do grupo azul devem ser consumidos em menor proporção em comparação aos pertencentes aos demais grupos. Embora sejam alimentos in natura e minimamente processados, o controle rigoroso da ingestão é essencial em pacientes com risco cardiovascular, pois esses alimentos contêm alto teor de gordura saturada, colesterol e sal.

O Manual da Alimentação Cardioprotetora destaca os seguintes alimentos como parte do grupo azul:

  • Manteiga;
  • Ovos;
  • Queijos;
  • Leite condensado;
  • Creme de leite;
  • Carnes;
  • Doces caseiros, como pudim, bolo, torta, quindim, etc.

 

Grupo vermelho

A Dieta Cardioprotetora conta também com o grupo vermelho, composto pelos alimentos ultraprocessados que possuem baixo valor nutritivo e alto teor de carboidratos refinados, gorduras saturadas e gordura trans. O consumo desses alimentos não é recomendado devido aos malefícios para a saúde. 

Alguns alimentos ultraprocessados são:

  • Maionese;
  • Bolachas;
  • Molhos prontos;
  • Barras de cereais;
  • Cereais matinais;
  • Salgadinhos de pacote;
  • Sorvetes e guloseimas;
  • Refrigerantes e refrescos;
  • Pães de forma e pães doces;
  • Macarrão e temperos instantâneos;
  • Caldos com sabor carne, frango e legumes;
  • Produtos congelados e prontos para consumo.

 

  1. Como o nutricionista pode se especializar?

O papel do nutricionista na promoção da saúde do coração, bem como na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, é de extrema importância. Esse profissional é responsável por desenvolver a melhor dieta para seus pacientes, levando em consideração suas necessidades e particularidades.

Para tanto, pode utilizar as diretrizes e parâmetros da Dieta Cardioprotetora Brasileira, garantindo assim o bem-estar dos pacientes com DCV ou aqueles predispostos a desenvolver problemas cardiovasculares.

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  1. REFERÊNCIAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE; HOSPITAL DO CORAÇÃO. Alimentação Cardioprotetora: Manual de orientações para profissionais de saúde da Atenção Básica. 2018. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTM0OA==. Acesso em: 20 jul. 2023.


MINISTÉRIO DA SAÚDE. "Use o coração para vencer as doenças cardiovasculares": 29/9 – Dia Mundial do Coração. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/use-o-coracao-para-vencer-as-doencas-cardiovasculares-29-9-dia-mundial-do-coracao/. Acesso em: 20 jul. 2023.

 

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