As últimas notícias sobre a gripe aviária no Brasil destacam investigações em andamento, com 12 casos suspeitos sendo analisados pelo Ministério da Agricultura.
O vírus identificado no Rio Grande do Sul apresenta mutações que sugerem potencial adaptação a mamíferos, reforçando a necessidade de monitoramento contínuo. Apesar disso, a erradicação do foco da doença foi oficialmente comunicada à Organização Mundial de Saúde Animal, indicando um avanço no controle do surto.
Neste artigo, vamos falar sobre o papel estratégico da vigilância sanitária na cadeia avícola, desde medidas preventivas até a formação de especialistas capazes de equilibrar saúde pública, segurança alimentar e sustentabilidade econômica.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária, causada pelo vírus influenza A (H5N1), é uma ameaça global que desafia não apenas a saúde animal, mas também a segurança alimentar e a economia. Ela é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas (como galinhas e perus) e silvestres, podendo ocasionalmente infectar mamíferos, incluindo humanos.
O subtipo H5N1, de alta patogenicidade (IAAP), é extremamente letal para aves, podendo causar mortalidade de até 100% em apenas 48 horas. Os sintomas incluem dificuldade respiratória, edema facial e hemorragias internas, tornando a doença um grande desafio para a vigilância sanitária.
A transmissão ocorre principalmente por contato direto, quando aves saudáveis entram em contato com secreções, fezes ou ambientes contaminados por indivíduos infectados. Além disso, as aves migratórias ajudam na disseminação da doença entre continentes, favorecendo a propagação do vírus a longas distâncias.
Embora rara em humanos, a infecção pelo H5N1 pode ser grave, levando a pneumonia severa e insuficiência de múltiplos órgãos.
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Como afeta a segurança alimentar?
A gripe aviária afeta diretamente a segurança alimentar, trazendo desafios em três dimensões principais. O risco de contaminação, embora não envolva a transmissão do vírus pelo consumo de carne ou ovos cozidos, exige atenção no manejo de produtos crus.
Caso medidas sanitárias inadequadas sejam adotadas, trabalhadores e consumidores podem ser expostos ao vírus. Além disso, o impacto no abastecimento é significativo.
Quando surtos atingem granjas comerciais, milhões de aves precisam ser sacrificadas por questões sanitárias, reduzindo a oferta no mercado e impulsionando o aumento dos preços. Esse efeito já foi observado em diferentes países, gerando instabilidade econômica para a produção avícola.
Por fim, as barreiras comerciais impostas por países importadores também representam um desafio. Em 2025, o Brasil pode sofrer um prejuízo de US$ 200 milhões por mês em exportações após o primeiro foco da doença em aves comerciais, evidenciando o impacto da gripe aviária no comércio internacional.
Quais medidas de vigilância sanitária podem prevenir contaminação?
Monitoramento ativo
O monitoramento da gripe aviária envolve estratégias específicas para detecção precoce e controle sanitário. Em relação às aves migratórias, são realizadas coletas de amostras em rotas estratégicas, como pantanais e zonas costeiras, onde essas aves costumam transitar.
Isso permite identificar possíveis vetores da doença e prevenir surtos antes que alcancem granjas comerciais.
Já nas granjas comerciais, a vigilância inclui a aplicação de testes PCR em tempo real, garantindo um diagnóstico rápido e preciso para identificar infecções antes que se disseminem no plantel.
Resposta rápida a surtos
O controle da gripe aviária envolve medidas rígidas para conter a disseminação do vírus e proteger a produção avícola.
O sacrifício sanitário é uma estratégia essencial, que consiste na eliminação de todas as aves dentro de um raio de 10 km do foco da infecção, seguindo as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Essa medida busca evitar a propagação da doença e minimizar riscos para o setor.
Além disso, a desinfecção rigorosa das instalações afetadas é indispensável para garantir um ambiente seguro. O uso de virucidas, como hipoclorito de sódio, é uma das principais técnicas aplicadas para eliminar o vírus em superfícies, equipamentos e áreas de criação, impedindo novas contaminações.
Educação sanitária
A prevenção da gripe aviária depende de medidas estratégicas, como o treinamento de produtores para a identificação precoce de sintomas em aves.
Sinais como queda repentina na postura de ovos e mortalidade anormal podem indicar infecção, permitindo uma resposta rápida para conter surtos e minimizar impactos na produção avícola.
Além disso, campanhas públicas desempenham um papel essencial na conscientização da população sobre práticas de manipulação segura de alimentos. Orientações como lavar as mãos após o contato com carne crua ajudam a reduzir riscos sanitários, protegendo consumidores e trabalhadores do setor.
Regulamentações e controle de qualidade na produção avícola
O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) estabelece protocolos rigorosos para garantir a segurança sanitária na produção de aves no Brasil.
No aspecto de biossegurança em granjas, são adotadas medidas como o uso de telas antipássaros, a desinfecção de veículos e o controle de visitantes, reduzindo o risco de introdução de agentes patogênicos.
Outro ponto essencial do programa é a rastreabilidade, que envolve o registro eletrônico da movimentação de aves e ovos, permitindo um controle mais eficiente e seguro da cadeia produtiva.
No contexto internacional, o PNSA segue padrões globais para garantir a exportação brasileira. A regionalização é uma estratégia importante, pois isola áreas afetadas, permitindo que outras regiões mantenham o status de "livre de IAAP", assegurando a continuidade das exportações.
Além disso, a certificação OMSA é um requisito essencial para que países como China e Arábia Saudita, entre outros 152 compradores, continuem adquirindo produtos avícolas brasileiros. Essas ações fortalecem a posição do Brasil no mercado global e garantem a qualidade sanitária da produção avícola.
A importância de especialistas na fiscalização e monitoramento
Os profissionais capacitados desempenham um papel essencial na vigilância sanitária, sendo responsáveis por ações estratégicas na prevenção e controle de surtos. A investigação epidemiológica permite mapear as origens da doença e as rotas de transmissão, garantindo uma resposta rápida e eficaz para conter a disseminação do vírus.
Além disso, a gestão de crises exige uma coordenação integrada entre órgãos como os Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente, garantindo medidas alinhadas para a proteção da saúde pública e da produção avícola.
Outro aspecto fundamental é a auditoria de plantas industriais, que verifica a conformidade com normas de higiene e processamento, assegurando que os produtos sigam os padrões sanitários exigidos.
Como se especializar?
Para atuar com excelência na área de vigilância sanitária e segurança alimentar, é essencial investir em uma pós-graduação que ofereça uma formação completa e aprofundada.
A Pós-Graduação EAD em Vigilância Sanitária e Qualidade dos Alimentos, como o curso da São Camilo, é uma excelente opção para profissionais que desejam aprimorar suas competências.
O programa aborda módulos fundamentais, como legislação sanitária, gestão de riscos em zoonoses e biossegurança, além de oferecer estágios em órgãos como a Anvisa, proporcionando experiência prática indispensável para a atuação na área.
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