No Brasil, mais da metade das crianças já consomem alimentos ultraprocessados antes dos seis meses de vida. Esses produtos, ricos em açúcares, gorduras e aditivos químicos, estão diretamente ligados a déficits em habilidades como memória, atenção e raciocínio lógico em crianças.
Enquanto isso, poucas crianças menores de dois anos não tiveram contato com esses alimentos, um dado alarmante para profissionais de nutrição que buscam combater riscos à saúde infantil.
Este artigo explora como a nutrição infantil molda o desenvolvimento cerebral, por que os ultraprocessados são vilões cognitivos e quais estratégias práticas podem reverter esse cenário. Você descobrirá ainda como cursos de pós EAD em nutrição estão formando especialistas para atuar nessa frente.
O que é desenvolvimento cognitivo infantil?
O desenvolvimento cognitivo infantil é um processo importante que envolve a formação de várias habilidades cerebrais fundamentais para o aprendizado e o crescimento.
Uma dessas habilidades é a memória, que diz respeito à capacidade de armazenar e recuperar informações, permitindo que as crianças aprendam com as experiências e retenham novos conhecimentos ao longo do tempo.
Outra competência essencial é a atenção, que se refere à habilidade de se concentrar em atividades, aprender novos conceitos e realizar tarefas de maneira eficaz.
O raciocínio lógico também desempenha um papel importante, pois está relacionado à resolução de problemas e à tomada de decisões, habilidades que serão essenciais para lidar com os desafios cotidianos e acadêmicos.
Além disso, o desenvolvimento da linguagem é indispensável, já que envolve a aquisição de vocabulário e a capacidade de se comunicar, conectando as crianças ao mundo ao seu redor.
Essas competências são moldadas de forma significativa nos primeiros três anos de vida, um período crítico em que o cérebro da criança consome muita energia. Durante essa fase, uma dieta rica em nutrientes essenciais, como ferro e ômega-3, é indispensável para garantir o desenvolvimento saudável do cérebro.
Por outro lado, a falta desses nutrientes pode interromper esse processo, levando a dificuldades no aprendizado e atrasos tanto escolares quanto emocionais, comprometendo o pleno potencial da criança.
O que são alimentos ultraprocessados?
Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que combinam cinco ou mais ingredientes, incluindo aditivos como corantes, conservantes e emulsificantes, responsáveis por alterar suas características naturais.
Exemplos comuns incluem refrigerantes, que possuem alto teor de açúcar e acidulantes; salgadinhos, conhecidos pelos excessos de sódio e gordura trans; e biscoitos recheados, que contêm farinha refinada e aromatizantes artificiais.
Esses alimentos são amplamente desprovidos de nutrientes naturais, priorizando o prazer imediato pelo sabor artificial e a longa validade, muitas vezes em detrimento da qualidade nutricional.
Diferença entre alimentos in natura, processados e ultraprocessados
Os alimentos podem ser classificados em três categorias principais com base no nível de processamento e no impacto no desenvolvimento cognitivo.
Alimentos in natura, como frutas, ovos e legumes, são ricos em vitaminas e minerais essenciais que favorecem as sinapses neuronais, promovendo um funcionamento cerebral saudável.
Já os alimentos processados, como pão artesanal e queijo, embora contenham nutrientes, possuem adição de sal ou açúcar, o que pode moderar seus benefícios.
Por outro lado, os ultraprocessados, como nuggets e sopas instantâneas, estão associados a um declínio acelerado em funções executivas, impactando negativamente a capacidade de tomada de decisão e a memória.
Como a deficiência nutricional impacta o desenvolvimento cognitivo da criança?
Crianças expostas a dietas ultraprocessadas têm maior risco de:
- Déficit de ferro: prejudica a mielinização de neurônios, reduzindo velocidade de processamento cerebral;
- Excesso de açúcar: causa picos de glicose, levando a irritabilidade e dificuldade de concentração;
- Falta de ômega-3: compromete a formação do hipocampo, área crítica para a memória.
Um estudo com 1.300 crianças europeias revelou que aquelas com alta ingestão de fast food tiveram 10% menos pontuação em testes de QI (quociente de inteligência).
Efeitos dos aditivos químicos na função cerebral infantil
Aditivos como glutamato monossódico, utilizado como realçador de sabor, e corantes artificiais, como a tartrazina, estão associados a diversos impactos negativos na saúde.
Um estudo realizado pela USP indicou que o consumo desses aditivos pode levar a um aumento de 34% nos sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), refletindo diretamente na hiperatividade.
Além disso, conservantes como o benzoato de sódio são conhecidos por alterar a microbiota intestinal, resultando em disbiose e comprometendo a produção de serotonina, um neurotransmissor essencial para o bem-estar.
Por fim, emulsificantes têm sido apontados como agentes que perturbam a barreira hematoencefálica, permitindo que toxinas entrem no cérebro e contribuam para processos de inflamação neural.
Educação alimentar e prevenção
Se você é nutricionista e quer realmente fazer a diferença, há muitas formas de impactar positivamente os hábitos alimentares das crianças e suas famílias. Que tal envolver os pequenos em oficinas de culinária e hortas escolares?
Essas atividades divertidas e práticas aumentam a aceitação de alimentos saudáveis. Além disso, você pode ajudar as famílias com guias simples e acessíveis, sugerindo substituições fáceis, como trocar o suco de caixa por frutas frescas.
Outro caminho é usar sua voz para advogar por políticas públicas, colaborando em campanhas que reduzam os ultraprocessados nas merendas escolares, seguindo exemplos inspiradores do Guia Alimentar Brasileiro. Para se destacar ainda mais na carreira, investir em formação continuada é uma excelente escolha.
Conclusão
Combater o consumo de ultraprocessados na infância não é só uma questão de saúde, mas de equidade social. Crianças com acesso a dietas nutritivas têm mais chances de sucesso acadêmico.
Isso reforça a urgência de ações integradas entre nutricionistas, educadores e gestores. Para se destacar nessa área, invista em especialização em nutrição e transforme sua prática clínica em um agente de mudança cognitiva.