A dor no recém-nascido, especialmente em prematuros internados em UTIs neonatais, é uma realidade muitas vezes subestimada. Estudos indicam que bebês submetidos a procedimentos médicos sem analgesia adequada podem desenvolver sequelas neurológicas e emocionais a longo prazo.

Estima-se que os recém-nascidos em UTIs passam por pelo menos um procedimento doloroso diário. Se você é profissional da saúde, reconhecer e tratar a dor nesses pacientes exige conhecimento técnico e sensibilidade. 

Neste artigo, você vai aprender a identificar os sinais sutis de desconforto, aplicar métodos não farmacológicos comprovados e entender por que a especialização é essencial para transformar práticas clínicas.

Qual a linguagem da dor no recém-nascido?

A dor no recém-nascido é uma realidade delicada e muitas vezes invisível. Por não conseguirem verbalizar o que sentem, os bebês expressam desconforto por meio de sinais sutis como mudanças na expressão facial, choro agudo ou alterações nos batimentos cardíacos. Por isso, reconhecer e aliviar essa dor é um desafio que exige conhecimento técnico e sensibilidade. Isso principalmente quando se trata de bebês prematuros, que sentem dor com maior intensidade devido ao sistema nervoso imaturo.

Estudos mostram que a exposição repetida à dor nos primeiros dias de vida pode impactar o desenvolvimento neurológico e emocional da criança, tornando o manejo adequado uma prioridade ética e clínica. 

Recém-nascidos não verbalizam dor, mas comunicam-se através de:

  • Expressões faciais: sobrancelhas franzidas, olhos cerrados, sulco nasolabial aprofundado;
  • Movimentos corporais: hipertonia (pernas e braços rígidos) ou hipotonia (corpo "mole");
  • Respostas fisiológicas: taquicardia, sudorese, dessaturação de oxigênio.

Como avaliar sinais de dor no recém-nascido?

A avaliação objetiva da dor em recém-nascidos é essencial para garantir intervenções rápidas e eficazes, e escalas validadas internacionalmente desempenham um papel central nesse processo. 

Entre elas, destaca-se a Neonatal Infant Pain Scale (NIPS), que avalia o desconforto do bebê com base em parâmetros como expressão facial, choro e movimentos corporais. 

A pontuação varia de 0 a 7, permitindo uma análise padronizada te ajude a tomar decisões clínicas fundamentadas.

Outra ferramenta amplamente utilizada é a Premature Infant Pain Profile-Revised (PIPP-R), que vai além ao incorporar fatores como a idade gestacional, frequência cardíaca e níveis de saturação de oxigênio. 

Essa abordagem mais abrangente é especialmente útil para prematuros, cuja resposta à dor pode ser influenciada por sua imaturidade fisiológica.

Como verificar causas de dor no recém-nascido?

As principais fontes de dor em recém-nascidos hospitalizados envolvem diversos fatores, divididos entre procedimentos médicos, condições clínicas e aspectos do ambiente da UTI neonatal. 

Entre os procedimentos médicos mais frequentes e dolorosos estão a coleta de sangue, a intubação e o uso de ventilação mecânica, que, apesar de essenciais para a sobrevivência, podem causar desconforto significativo. 

Além disso, condições clínicas como enterocolite necrosante e refluxo gastroesofágico representam outras fontes importantes de dor, frequentemente exigindo manejo contínuo e cuidadoso.

O ambiente da UTI neonatal também contribui para o desconforto dos bebês. A exposição a excesso de luz e ruídos intensos pode ser um agravante para o estresse e a dor, especialmente em prematuros, que são mais sensíveis a estímulos externos. 

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                       A dor no recém-nascido, especialmente em prematuros internados em UTIs neonatais, é uma realidade muitas vezes subestimada. Estudos indicam que bebês submetidos a procedimentos médicos sem analgesia adequada podem desenvolver sequelas neurológicas e emocionais a longo prazo.

Como tratar dor no recém-nascido?

As abordagens para o manejo da dor em recém-nascidos devem ser organizadas de forma hierárquica, priorizando intervenções que minimizem riscos e promovam o bem-estar do bebê. 

O primeiro passo é a prevenção, que consiste em reduzir ao máximo a realização de procedimentos invasivos. Essa estratégia não apenas evita desconfortos desnecessários, mas também contribui para diminuir o estresse e o impacto negativo no desenvolvimento do recém-nascido.

Quando a dor já está presente, métodos não farmacológicos podem ser eficazes como primeira linha de tratamento. Práticas como o aleitamento materno e a administração de sacarose oral são amplamente utilizadas, pois ajudam a aliviar a dor de maneira segura, utilizando estímulos naturais para acalmar o bebê.

Nos casos de dor mais intensa, o uso de medicamentos farmacológicos pode ser necessário. Entre as opções estão os opioides, como o fentanil, que devem ser administrados exclusivamente sob prescrição médica e com monitoramento rigoroso para garantir a segurança do paciente. 

É importante destacar que o uso excessivo de analgésicos deve ser evitado, pois pode levar a complicações graves, como dependência e depressão respiratória. 

Métodos não farmacológicos

Estratégias baseadas em evidências têm se mostrado altamente eficazes no manejo da dor em recém-nascidos, promovendo não apenas alívio imediato, mas também benefícios a longo prazo para o desenvolvimento. 

O contato pele a pele, conhecido como método canguru, é uma dessas abordagens comprovadas. Ele reduz os níveis de cortisol, hormônio associado ao estresse. Essa prática favorece a conexão entre o bebê e os pais, criando um ambiente de segurança e acolhimento.

Durante procedimentos médicos, o aleitamento materno surge como uma ferramenta valiosa. Rico em endorfinas naturais, o leite materno não apenas nutre, mas também alivia a dor, tornando os procedimentos menos traumáticos. 

Outra técnica eficaz é a sucção não nutritiva, utilizando chupetas embebidas em leite materno ou em solução de glicose a 25%, que ajuda a acalmar o bebê e reduzir desconfortos.

A ambientoterapia é igualmente fundamental. Ao controlar fatores externos, como a intensidade da luz e do ruído, e ao proporcionar um posicionamento confortável para o recém-nascido, é possível reduzir significativamente o estresse e a dor vivenciados no ambiente da UTI neonatal.

Como se especializar?

O manejar a dor no recém-nascido não é apenas uma questão ética, mas um compromisso com o desenvolvimento saudável desses pacientes.

Se você dominar métodos não farmacológicos e técnicas de avaliação precisas, será capaz de transformar a experiência dolorosa em cuidado humanizado. 

Para se destacar nessa área, invista em uma pós-graduação EAD em enfermagem neonatal ou especialização em manejo da dor, cursos que oferecem ferramentas práticas para salvar vidas com ciência e compaixão.

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