A violência doméstica é uma realidade preocupante, complexa e devastadora, que afeta famílias de todas as classes sociais, raças e religiões.

Muito além de uma questão criminal, trata-se de um fenômeno social e psicológico com efeitos profundos sobre a saúde mental e emocional das vítimas e de todos os envolvidos.

Neste artigo, vamos explorar a interseção entre terapia familiar e violência doméstica, com o objetivo de informar e orientar profissionais que desejam atuar com sensibilidade e preparo técnico em um dos campos mais desafiadores da saúde mental.

 

O que é violência doméstica?

Grupo de apoio discute estratégias de proteção familiar em sala de terapia

A violência doméstica é qualquer ação ou omissão que cause dano físico, sexual, psicológico ou patrimonial a uma pessoa no âmbito familiar ou de convivência íntima. Embora as mulheres sejam as principais vítimas, crianças, idosos e até homens também podem ser afetados.

Ela pode se manifestar de diferentes formas:

  • Violência patrimonial: destruição de bens, controle financeiro, retenção de documentos;
  • Violência sexual: coerção ou imposição de relações sexuais sem consentimento;
  • Violência psicológica: humilhação, chantagem, ameaças, isolamento;
  • Violência física: agressões, empurrões, tapas, socos, queimaduras;
  • Violência moral: difamação, calúnia, injúria.

No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é a principal ferramenta jurídica de combate a esse tipo de crime e também prevê medidas de proteção e acolhimento para as vítimas.

“A violência doméstica contra a mulher é definida como ocorrendo dentro de casa e sendo praticada por companheiros ou ex-parceiro íntimo,”

Fonte: A Violência Doméstica Contra Mulheres: Contribuição da Terapia Cognitivo-Comportamental na Intervenção

Fases do ciclo e efeitos citados no texto

Fase Características Efeito sobre a vítima
Tensão Pequenos conflitos e comportamentos hostis Geram sentimentos de medo, insegurança e expectativa
Agressão Concretiza-se o ato violento (físico, verbal ou psicológico) Causando danos diretos à vítima
“Lua de mel” O agressor pede desculpas, demonstra afeto e promete mudanças Dificulta a denúncia ou o afastamento definitivo
 

Como funciona o ciclo de violência doméstica?

A violência em contextos familiares frequentemente se repete em um ciclo contínuo, o que torna sua identificação e interrupção especialmente desafiadoras. Esse padrão é composto por três fases distintas, que se sucedem e tendem a se intensificar com o tempo.

A primeira é a fase da tensão, marcada pelo surgimento de pequenos conflitos e comportamentos hostis, que geram sentimentos de medo, insegurança e expectativa de que algo pior está por vir.

Na sequência, ocorre a fase da agressão, quando se concretiza o ato violento, que pode ser físico, verbal ou psicológico, causando danos diretos à vítima.

Após essa explosão de violência, vem a chamada fase da lua de mel, momento em que o agressor costuma pedir desculpas, demonstrar afeto e prometer mudanças, reforçando o vínculo emocional da vítima e, muitas vezes, dificultando a denúncia ou o afastamento definitivo.

Romper esse ciclo exige muito mais do que reconhecer a violência: é necessário dispor de suporte jurídico, proteção social e, sobretudo, acompanhamento terapêutico estruturado.

Nesse processo, a terapia familiar sistêmica pode ter papel essencial, pois trabalha com a dinâmica relacional do grupo envolvido, promovendo novas formas de comunicação, enfrentamento e reconstrução dos vínculos afetivos sob uma perspectiva mais saudável e segura.

 

Como falar sobre terapia familiar nesse contexto?

Mulher recebe apoio em grupo terapêutico durante sessão mediada

A terapia familiar em contextos de violência ativa não busca a reconciliação do casal, mas sim a compreensão profunda das dinâmicas familiares, o empoderamento da vítima e a reconstrução de vínculos afetivos saudáveis, sobretudo quando há crianças envolvidas no núcleo familiar.

O foco terapêutico é oferecer um espaço seguro para reflexão, acolhimento e fortalecimento da autonomia, sempre respeitando os limites e necessidades individuais de cada membro.

Nesse cenário, o profissional deve atuar de forma articulada com redes de apoio, como os serviços de saúde, assistência social e órgãos jurídicos, assegurando uma intervenção ética e comprometida com a proteção integral dos envolvidos.

É fundamental que o terapeuta reconheça o estágio de consciência e disponibilidade de cada pessoa em relação ao problema, evitando imposições e respeitando o tempo de amadurecimento para mudanças.

Nesse sentido, a prática clínica exige a aplicação de escuta empática, acolhimento livre de julgamentos e a formulação de estratégias terapêuticas seguras e eficazes para enfrentamento da situação.

Leia mais: O papel da enfermagem em casos de violência infantil

“A perspectiva feminista reconceitua o conhecimento científico com a crítica de que a neutralidade é uma ideia fora da realidade.”

Fonte: A violência contra a mulher na perspectiva da terapia feminista da família

 

Por que é importante?

Profissional conduz sessão de terapia familiar com múltiplos participantes

A integração da terapia familiar no enfrentamento da violência doméstica revela-se essencial por diversos motivos que vão além da intervenção pontual: ela amplia a compreensão das raízes do problema, permitindo identificar padrões comportamentais que atravessam gerações e que, muitas vezes, perpetuam dinâmicas abusivas.

Ao promover a ressignificação das relações familiares, esse tipo de abordagem contribui diretamente para a reconstrução da autoestima, da confiança e do senso de pertencimento de cada membro envolvido.

Outro benefício relevante está na prevenção de recaídas, pois a terapia oferece suporte emocional contínuo e estratégias concretas para romper com o ciclo da violência, fortalecendo a capacidade de enfrentamento dos indivíduos.

A proteção de crianças e adolescentes também é um eixo essencial, visto que a intervenção terapêutica atua para evitar que esses jovens naturalizem comportamentos abusivos e repitam essas dinâmicas no futuro.

Além disso, há uma redução significativa dos danos emocionais, físicos e sociais causados pela violência, favorecendo a saúde mental e a reinserção social das vítimas.

“A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.”

Ministério das Mulheres — link

Como se especializar?

Profissionais interessados em atuar com terapia familiar em contextos de violência doméstica devem buscar formação sólida, ética e atualizada. A pós-graduação EAD em terapia familiar da São Camilo é uma excelente opção, oferecendo:

  • Discussão sobre temas como abuso, negligência, vínculos traumáticos e saúde mental coletiva;
  • Formação com base em evidências científicas, com professores experientes na área;
  • Flexibilidade do formato a distância, permitindo conciliar trabalho e estudo;
  • Abordagens sistêmicas aplicadas a contextos familiares complexos;
  • Conexão com os desafios reais da prática clínica no Brasil.

A especialização prepara psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e outros profissionais da saúde para intervirem de forma responsável, considerando o sofrimento da família como um todo, sem descuidar da segurança e do bem-estar das vítimas.

Atuar com terapia familiar e violência doméstica é uma missão sensível, desafiadora e absolutamente necessária em um país onde, a cada dois minutos, uma mulher é vítima de agressão, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Mais do que oferecer apoio emocional, o terapeuta familiar qualificado contribui para o rompimento de ciclos violentos, o fortalecimento dos vínculos afetivos saudáveis e a reconstrução da dignidade de cada indivíduo.

Se você deseja se tornar um agente de transformação e atuar com propósito em uma área de extrema relevância social, o primeiro passo é buscar conhecimento. Invista em uma especialização em terapia familiar com foco ético, técnico e humano. O impacto do seu trabalho poderá transformar vidas e famílias inteiras.

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FAQ

  1. Quando indicar terapia familiar em casos de violência?

    Quando a prioridade é proteger e empoderar a vítima, articular redes de apoio e trabalhar padrões relacionais com segurança.

  2. O que fazer em situação de emergência?

    Acionar a Polícia Militar (190). Para orientação e encaminhamentos, a Central Ligue 180 funciona 24h por dia, todos os dias.

  3. Que competências ajudam na atuação clínica?

    Escuta empática, acolhimento sem julgamentos, trabalho em rede e formação continuada com base em evidências.

Referências

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