Engravidar, amamentar, maternar, palavras simples, mas que carregam transformações físicas, emocionais e sociais profundas. A maternidade é, por excelência, um momento de reconfiguração da identidade. E é nesse ponto sensível e potente da vida de uma mulher que atua a psicologia perinatal.

Apesar de ainda pouco conhecida por muitos profissionais da saúde, a psicologia perinatal cresce como área de especialização no Brasil e tem impacto direto na qualidade da assistência prestada à gestante, puérpera e bebê.

Este artigo vai te mostrar o que é psicologia perinatal, como ela funciona, como aplicar, além de dicas práticas e caminhos de especialização para quem deseja atuar com excelência e sensibilidade nesse campo.

 

O que é perinatal?

Profissional de saúde oferece apoio psicológico a mãe no período perinatalO termo perinatal se refere ao período que compreende:

  • A gestação;
  • O parto e o nascimento;
  • O puerpério (pós-parto imediato e os meses seguintes);
  • O início do vínculo entre mãe, bebê e rede de apoio.

Este é um dos períodos mais intensos na vida de uma mulher, e por isso é também o mais vulnerável emocionalmente.

Alterações hormonais, transformações físicas, expectativas sociais e conflitos internos tornam esse momento um terreno fértil para vivências emocionais profundas, e também para o adoecimento psíquico, se não houver suporte.

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Fases do período perinatal e foco emocional

Fase Do que trata Ênfase no texto
Gestação Mudanças físicas e emocionais Vivências profundas; necessidade de suporte
Parto e nascimento Transição e adaptação Período intenso e sensível
Puerpério Pós-parto imediato e meses seguintes Vulnerabilidade emocional; risco de adoecimento
Início do vínculo Mãe, bebê e rede de apoio Formação de vínculos saudáveis
 

Aspectos emocionais da gravidez e do pós-parto

Mãe em momento de serenidade refletindo sobre a jornada da gravidez e do pós-parto A gravidez é, muitas vezes, idealizada como um período de plenitude. Mas a realidade é que ela pode ser acompanhada de medos, ambivalência, insegurança e até luto (por mudanças no corpo, na carreira, no estilo de vida).

Já no pós-parto, é comum o chamado “baby blues”, uma instabilidade emocional leve e passageira. No entanto, em cerca de 1 em cada 4 mulheres, essa tristeza evolui para um quadro mais grave: a depressão pós-parto.

Além disso, mães de crianças neurodivergentes (como no caso do autismo) podem enfrentar um luto simbólico, estresse crônico e sobrecarga emocional ainda maiores.

Daí a importância de integrar os princípios da neurodiversidade e de compreender sinais precoces, e questões ligadas ao CID autismo em contextos de saúde perinatal.

“A saúde mental materna, geralmente, é muito negligenciada.”

Fonte: Mães também devem ser foco das atenções durante a maternidade, diz psicóloga

 

O que é psicologia perinatal?

A Mãe amamentando com apoio emocional, ilustrando vínculo materno-infantilpsicologia perinatal é um ramo da psicologia dedicado ao acompanhamento emocional da mulher e da família durante o ciclo gravídico-puerperal, garantindo suporte adequado em todas as fases da gestação e do pós-parto.

Seu principal objetivo é promover a saúde mental desde a concepção, prevenindo transtornos emocionais que podem surgir nesse período e oferecendo um suporte empático e livre de julgamentos.

Além de auxiliar na adaptação às mudanças psicológicas da maternidade, essa abordagem é essencial para a construção de vínculos saudáveis entre mãe, bebê e rede de apoio, fortalecendo o bem-estar emocional e social da família.

A atuação do psicólogo perinatal pode ocorrer em diversos ambientes, incluindo consultórios, hospitais, maternidades, UBSs, grupos de apoio e até no domicílio, permitindo uma abordagem personalizada e acessível às necessidades de cada paciente.

O trabalho envolve desde a escuta qualificada, que proporciona acolhimento e orientação, até intervenções psicológicas clínicas, fundamentais para a identificação e o manejo de dificuldades emocionais nesse período.

 

“A psicologia perinatal é uma área que estuda os fenômenos psicológicos envolvidos na gestação, no parto e no pós-parto.”

Fonte: Psicologia perinatal: entenda por que ela é tão importante para grávidas

 

Depressão pós-parto: como identificar e tratar?

A depressão pós-parto é um transtorno mental grave que pode surgir até um ano após o nascimento do bebê. Os principais sintomas incluem:

  • Sentimento de culpa ou incapacidade;
  • Pensamentos de morte ou suicídio;
  • Dificuldade em cuidar do bebê;
  • Tristeza intensa e persistente;
  • Irritabilidade ou apatia;
  • Isolamento social.

O papel da psicologia perinatal é identificar esses sinais precocemente, muitas vezes antes mesmo da mulher se dar conta da gravidade de seus sentimentos.

Além da psicoterapia, o tratamento pode envolver intervenções multidisciplinares, com profissionais da enfermagem, obstetrícia e psiquiatria. A abordagem humanizada e livre de estigmas é essencial para que a paciente se sinta acolhida e segura para falar.

A abordagem humanizada e livre de estigmas é essencial para que a paciente se sinta acolhida e segura para falar.
 

Como aplicar a psicologia perinatal?

A psicologia perinatal vai muito além do acompanhamento de mulheres grávidas, pois considera um olhar ampliado e empático sobre todo o ciclo gravídico-puerperal.

Essa abordagem leva em conta a história de vida e as experiências anteriores da mulher, sua relação com o corpo e a maternidade, a presença ou ausência de rede de apoio e o contexto cultural, social e econômico, garantindo um suporte que respeita as particularidades de cada pessoa.

Na prática, a aplicação da psicologia perinatal pode ocorrer de diversas formas. O pré-natal psicológico oferece um acompanhamento individual desde a gestação, auxiliando na preparação emocional para a maternidade.

Já as consultas domiciliares no pós-parto permitem um suporte mais acessível, favorecendo a adaptação à nova rotina e a construção do vínculo materno-infantil. Além disso, grupos de gestantes ou mães em UBS e maternidades promovem trocas de experiências e acolhimento entre mulheres que passam por desafios semelhantes.

Outro aspecto essencial é a psicoeducação para profissionais da saúde, que contribui para uma abordagem mais humanizada no atendimento a gestantes e puérperas.

O suporte psicológico também se faz indispensável no luto perinatal, oferecendo apoio para mulheres que enfrentam perdas gestacionais ou neonatais. Além disso, a psicologia perinatal abrange o acompanhamento de mães atípicas, especialmente em casos de diagnóstico precoce de autismo ou outras condições neurodivergentes, garantindo estratégias personalizadas para lidar com desafios específicos.

O impacto dessa abordagem é significativo, pois fortalece o vínculo materno-infantil, reduz taxas de depressão pós-parto e melhora os desfechos em saúde mental e física tanto para a mulher quanto para o bebê.

“A psicologia perinatal também conhecida como psicologia da gravidez, parto e puerpério, é uma área da psicologia relativamente nova e tem ganhado cada vez mais espaço no país.”

Fonte: Psicologia perinatal. Mas, afinal, o que é isso?

 

Como se especializar?

Se você é psicólogo, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista ou outro profissional da saúde com interesse em atuar com mulheres no ciclo gravídico-puerperal, é essencial investir em formação específica.

Uma excelente opção é a pós-graduação EAD em Saúde da Mulher, como a oferecida pela São Camilo, que prepara o profissional para atuar de forma integrada, ética e humanizada.

Além disso, o conhecimento pode ser um diferencial para compreender o desenvolvimento do bebê. Investir em uma especialização em saúde da mulher é o primeiro passo para construir uma prática baseada em ciência, escuta e amor.

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FAQ

  1. O que é o período perinatal?

    A gestação, o parto e o nascimento, o puerpério e o início do vínculo entre mãe, bebê e rede de apoio.

  2. Quais são sintomas comuns da depressão pós-parto?

    Sentimento de culpa, pensamentos de morte, dificuldade em cuidar do bebê, tristeza persistente, irritabilidade ou apatia e isolamento social.

  3. Onde o psicólogo perinatal pode atender?

    Em consultórios, hospitais, maternidades, UBSs, grupos de apoio e no domicílio.

Referências

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