Consideradas a "matéria-prima" do corpo humano, as células-tronco têm o potencial de revolucionar a medicina, oferecendo esperança para doenças até então incuráveis.
Isso contribui para a recuperação de pacientes com lesão na medula espinhal recuperando movimentos perdidos ou um coração danificado por infarto se regenerando sem cicatrizes. Esses cenários, que pareciam ficção científica há décadas, estão se tornando cada vez mais comuns.
Hoje vamos falar sobre o que torna essas células tão especiais, como elas estão transformando a medicina e quais são as oportunidades para profissionais que desejam se especializar nesse campo promissor.
O que são as células-tronco?
As células-tronco são células indiferenciadas que possuem capacidades únicas e notáveis. A primeira dessas capacidades é a autorrenovação, que permite que se dividam indefinidamente, gerando cópias idênticas de si mesmas.
Isso significa que, ao contrário de outras células do corpo que têm um ciclo de vida limitado, as células-tronco podem continuar se replicando sem perder suas propriedades essenciais.
A segunda capacidade é a diferenciação, que permite que essas células indiferenciadas se transformem em células especializadas com funções específicas no corpo.
Por exemplo, as células-tronco podem se diferenciar em neurônios, que são células nervosas responsáveis pela transmissão de sinais no sistema nervoso; em cardiomiócitos, que são as células musculares do coração responsáveis pelas contrações cardíacas; ou em células da pele, que compõem a epiderme e outras camadas da pele.
De acordo com uma pesquisa do INPI sobre o patenteamento de células-tronco no Brasil, essas células são capazes de se diferenciar em qualquer um dos 216 tecidos existentes no corpo humano.
“São tipos de células que podem se diferenciar em células com funções muito especializadas, constituindo diferentes tipos de tecidos do corpo.”
Fonte: Ministério da Saúde / BVSMS
Um exemplo prático da aplicação dessas capacidades ocorre quando há um corte na pele. As células-tronco presentes na epiderme entram em ação, iniciando o processo de multiplicação e diferenciação para fechar a ferida.
Assim, elas se dividem para aumentar o número de células disponíveis e, em seguida, se diferenciam para substituir o tecido lesionado, promovendo a cicatrização e a regeneração da pele danificada. Esse processo é essencial para a manutenção da integridade do corpo e demonstra a incrível capacidade das células-tronco em reparar e regenerar tecidos.
Tipos de células-tronco
- Embrionárias: coletadas de embriões, têm pluripotência (transformam-se em qualquer célula do corpo). São comumente usadas em pesquisas para tratar doenças degenerativas;
- Adultas: encontradas em medula óssea, gordura e sangue, são multipotentes (dão origem a células de um único tecido). Podem ser aplicadas em terapias como transplante de medula;
- Induzidas (iPS): células adultas reprogramadas em laboratório para agir como embrionárias. Assim, revolucionaram a medicina personalizada.
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Tipos de células-tronco e principais aplicações |
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| Tipo de célula-tronco | Potencial de diferenciação | Exemplos de aplicação |
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| Embrionárias | Pluripotentes (qualquer célula do corpo) | Pesquisas em doenças degenerativas e estudos de desenvolvimento |
| Adultas | Multipotentes (tecidos específicos) | Transplante de medula, reparo ósseo e articular |
| Induzidas (iPS) | Semelhantes às embrionárias | Medicina personalizada, modelagem de doenças, testes de fármacos |
Mecanismos de ação das células-tronco
Mecanismos de ação das células-tronco As células-tronco possuem várias formas de ajudar na regeneração de tecidos e órgãos. Uma dessas formas é a regeneração direta, em que as células-tronco se diferenciam diretamente em células do tecido danificado.
Em corações que sofreram um infarto, as células-tronco podem se transformar em cardiomiócitos, que são as células musculares do coração, ajudando na recuperação da função cardíaca.

Outro mecanismo importante é o efeito parácrino. Nesse processo, as células-tronco liberam fatores de crescimento e outras moléculas que não apenas ajudam na sua própria regeneração, mas também estimulam as células vizinhas a se repararem. Isso cria um ambiente propício para a regeneração do tecido danificado.
Além disso, as células-tronco têm um papel significativo na modulação imunológica. Elas podem reduzir inflamações crônicas, como as observadas em condições como a artrite reumatoide.
Ao diminuir a resposta inflamatória, as células-tronco ajudam a aliviar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essas doenças crônicas.
Esses mecanismos combinados demonstram a incrível capacidade das células-tronco em promover a regeneração e a cura em diversos tipos de tecidos e órgãos, abrindo portas para avanços significativos na medicina regenerativa.
“Em termos práticos, podemos afirmar que células-tronco são células que têm o potencial de recompor tecidos danificados”
Fonte: Ministério da Saúde / BVSMS
Como funciona a regeneração de órgãos e tecidos?
O corpo humano possui capacidade limitada de regeneração. O músculo esquelético regenera-se parcialmente após lesões, graças a células-tronco satélites. O fígado é o único órgão capaz de se regenerar quase totalmente.
No cérebro, a neurogênese ocorre apenas em áreas específicas, como o hipocampo. No entanto, a regeneração natural é insuficiente para traumas graves, o que justifica a necessidade de terapias com células-tronco.
Nesse sentido, elas preenchem essa lacuna quando:
- Migram para o local lesionado;
- Diferenciam-se ou estimulam células locais
- Restauram função tecidual.
Como as células-tronco são usadas em cada área?
Na área de ortopedia, o tratamento de fraturas complexas e osteoartrose é realizado com células-tronco mesenquimais, que são extraídas da gordura. Essas células têm a capacidade de se diferenciar em diversos tipos de tecidos, contribuindo para a reparação e regeneração de estruturas ósseas e articulares danificadas.
No campo da oftalmologia, a recuperação de córneas danificadas é possível através do uso de células-tronco limbares. Essas células são encontradas na borda da córnea e têm a função de manter e reparar o tecido corneano, ajudando a restaurar a visão em pacientes que sofreram lesões ou doenças que afetam essa estrutura ocular.
Na neurologia, estão sendo realizados ensaios clínicos para o tratamento de lesões medulares e da doença de Parkinson utilizando células-tronco. Esses ensaios visam promover a regeneração de neurônios e a restauração de funções neurológicas comprometidas, oferecendo esperança para pacientes com essas condições debilitantes.
Uma inovação em destaque vem do desenvolvimento de um biochip que acelera a diferenciação de células-tronco em tecido cardíaco. Esse avanço tecnológico pode potencializar tratamentos para doenças cardíacas, permitindo a regeneração de tecidos do coração danificados e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
“A engenharia tecidual é um campo de estudo que abrange diversas áreas do conhecimento, e em maior intensidade as áreas médica, biológica e da engenharia.”
Fonte: PePSIC / BVSALUD
Quem pode trabalhar com células-tronco?
Quem pode trabalhar com células-tronco? As células-tronco representam um dos avanços mais transformadores da medicina moderna. Assim, especializar-se nessa área significa participar de descobertas que redefinem tratamentos e salvam vidas.
Seja na pesquisa, na clínica ou na indústria, o futuro da regeneração tecidual está apenas começando e você pode fazer parte dele!
Geralmente biólogos e biomédicos pesquisam mecanismos celulares em laboratório. Enquanto isso, médicos aplicam terapias em áreas como hematologia e ortopedia e farmacêuticos desenvolvem formulações para transporte de células.
Fisioterapeutas auxiliam na reabilitação pós-terapia. Em relação ao salário médio no Brasil, pesquisadores recebem entre R$ 5.000,00 e R$ 12.000,00, enquanto profissionais da saúde especialistas podem receber até R$ 30.000,00.
Escolha a especialização que você quer seguir e comece a trilhar o seu caminho junto com a São Camilo! Aqui você vai ter todo o apoio necessário para se destacar no mercado!
Leia mais: Como a biotecnologia está transformando o mercado de trabalho na saúde
FAQ
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As terapias com células-tronco já estão disponíveis para qualquer doença?
Não. Existem aplicações consolidadas, como o transplante de medula óssea, mas muitas indicações ainda estão em fase de pesquisa e ensaios clínicos controlados.
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Preciso ter formação em laboratório para atuar com células-tronco?
Depende da área. Para pesquisa básica, a experiência em laboratório é essencial; na clínica, a atuação se dá por especializações médicas e multiprofissionais em terapia celular.
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Uma pós-graduação em células-tronco pode ajudar na minha carreira?
Sim. A especialização aprofunda conceitos de biologia celular, técnicas de terapia celular e aplicações clínicas, ampliando possibilidades em pesquisa, assistência e indústria biotecnológica.





