Imagine um mundo sem insulina humana produzida em laboratório, vacinas ou antibióticos eficazes. Esse cenário seria realidade sem a biotecnologia microbiana, área que utiliza microrganismos como bactérias, fungos e leveduras para revolucionar a produção de medicamentos. 

Neste artigo, você descobrirá como micróbios modificados geneticamente estão criando tratamentos mais seguros, baratos e personalizados, além de dicas para construir uma carreira nesse mercado que movimenta mais de US$ 1,5 trilhão globalmente.

O que é biotecnologia microbiana?

 A biotecnologia microbiana é o uso de microrganismos (ou partes deles) para desenvolver produtos e processos em setores como saúde, agricultura e energia. 

Na farmacêutica, ela permite: 

  • Produzir moléculas complexas como a insulina e anticorpos monoclonais, que seriam inviáveis por síntese química;
  • Reduzir custos por meio do uso de bactérias geneticamente modificadas para fabricar fármacos mais baratos que métodos tradicionais;
  • Acelerar inovações como, por exemplo, no desenvolvimento de vacinas de mRNA para COVID-19, que foram criadas em meses, não anos.

Como funciona a indústria farmacêutica? 

A indústria farmacêutica segue um ciclo de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de medicamentos. Assim, a biotecnologia microbiana atua em todas as etapas desse processo. 

Na fase de descoberta, micróbios são usados para identificar alvos terapêuticos, como enzimas bacterianas. Durante os testes, modelos in vitro com bactérias simulam as respostas humanas aos fármacos. 

Na etapa de produção, a fermentação industrial e a engenharia genética são utilizadas para sintetizar os princípios ativos dos medicamentos. Já no controle de qualidade, sensores microbianos detectam contaminantes em lotes.

Hoje em dia, cerca de 80% dos antibióticos em uso hoje são derivados de bactérias do solo, como Streptomyces.

Uso de bactérias geneticamente modificadas na síntese de fármacos 

Bactérias como E. coli e Bacillus subtilis são frequentemente utilizadas como "fábricas vivas" para a produção de medicamentos. 

Nesse sentido, a E. coli modificada geneticamente é capaz de produzir insulina humana, substituindo a necessidade de utilizar pâncreas de porco. Hoje em dia, de acordo com a Associação Americana de Diabetes, quase toda a insulina global é sintetizada por microrganismos.

Já a bactéria Pseudomonas fluorescens é utilizada para sintetizar hormônios de crescimento com altíssima pureza, que são essenciais no tratamento de nanismo. Além disso, leveduras são empregadas na produção de anticorpos monoclonais, que são terapias vitais para o tratamento de câncer e doenças autoimunes.

A utilização desses microorganismos na biotecnologia farmacêutica demonstra a inovação e a eficiência que podem ser alcançadas na produção de medicamentos essenciais para a saúde humana.

             A pesquisa laboratorial é essencial para o avanço da biotecnologia, medicina e farmacologia. Com experimentos precisos, cientistas desenvolvem novas soluções para a saúde e qualidade de vida.

Desenvolvimento de vacinas através da biotecnologia microbiana

Os micróbios desempenham um papel crucial na produção de vacinas modernas. As vacinas de mRNA, como as desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech, utilizam mRNA encapsulado em nanopartículas lipídicas, uma tecnologia derivada de estudos com vírus bacteriófagos. 

Já as vacinas de vetor viral, como a da AstraZeneca, utilizam adenovírus de chimpanzés modificados para carregar genes do SARS-CoV-2. Por fim, as vacinas recombinantes, como as de Hepatite B, são produzidas em leveduras que expressam o antígeno viral.

Essas abordagens inovadoras demonstram a importância dos micróbios na biotecnologia e na criação de vacinas eficazes para combater diversas doenças.

Fermentação industrial para a produção de medicamentos

A fermentação utiliza micróbios para converter substratos em produtos farmacêuticos essenciais. Por exemplo, os antibióticos como a penicilina e a tetraciclina são produzidos por microrganismos como Penicillium, em biorreatores.

Além disso, fungos como Aspergillus terreus são utilizados para sintetizar estatinas, como a lovastatina, que é amplamente empregada na redução do colesterol. Outro exemplo é a produção de biossurfactantes por Pseudomonas aeruginosa, que cria moléculas antiaderentes usadas em medicamentos tópicos. 

Essas aplicações demonstram o potencial da biotecnologia microbiana na indústria farmacêutica, proporcionando soluções inovadoras e eficientes para a produção de medicamentos.

Biotecnologia microbiana na descoberta de novos fármacos 

Técnicas inovadoras estão revolucionando a busca por medicamentos. A metagenômica, por exemplo, utiliza o sequenciamento de DNA de micróbios do solo ou do intestino humano para identificar moléculas bioativas que podem ter potencial terapêutico. 

Outra técnica promissora é o CRISPR-Cas9, que permite editar genes de bactérias para testar a eficácia de compostos contra patógenos, abrindo novas possibilidades para o desenvolvimento de medicamentos. 

Além disso, o estudo do microbioma humano, especialmente bactérias intestinais, está se mostrando promissor para o tratamento de condições como obesidade e diabetes. 

Essas abordagens inovadoras têm o potencial de transformar a forma como desenvolvemos novos tratamentos e combatemos doenças.

Leia mais: Microbiologia: o que é? Para que serve? Como se especializar?

O impacto da biotecnologia microbiana na personalização de tratamentos 

A medicina personalizada utiliza micróbios de diversas maneiras para otimizar os tratamentos. Um exemplo é a dosagem precisa de medicamentos, em que enzimas bacterianas metabolizam fármacos conforme o perfil genético do paciente. 

Isso significa que, ao entender as variações genéticas individuais, é possível ajustar a dosagem do medicamento para maximizar sua eficácia e minimizar efeitos colaterais.

Outro uso importante é nas terapias dirigidas, onde vírus modificados são empregados para entregar medicamentos especificamente às células cancerígenas. Esses vírus são projetados para reconhecer e atacar apenas as células doentes, deixando as células saudáveis intactas e reduzindo os danos colaterais comuns em tratamentos tradicionais de câncer.

Além disso, os probióticos terapêuticos desempenham um papel significativo. A bactéria Lactobacillus reuteri, por exemplo, pode ser utilizada para produzir moléculas anti-inflamatórias no intestino. 

Esses probióticos ajudam a manter o equilíbrio da microbiota intestinal, o que pode melhorar a saúde geral do paciente e auxiliar no tratamento de diversas condições inflamatórias.

Se você é um profissional de saúde e está interessado em explorar as oportunidades que a biotecnologia oferece no mercado da saúde, a formação especializada é fundamental para abrir essas portas. Os cursos oferecidos pela Pós EAD São Camilo, por exemplo, proporcionam uma base sólida tanto teórica quanto prática em áreas como microbiologia, engenharia genética e biossegurança.

Esses programas educativos não só preparam você para enfrentar os desafios do setor, mas também para aproveitar as oportunidades emergentes na biotecnologia aplicada à saúde. Além disso, eles oferecem uma compreensão abrangente das inovações tecnológicas que estão moldando o futuro dos cuidados com a saúde.

Como se especializar nessa área?

Se você é um profissional de saúde e está interessado em explorar as oportunidades que a biotecnologia oferece no mercado da saúde, a formação especializada é fundamental para abrir essas portas. 

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