Você sabia que pesquisas já confirmaram que a maioria das pessoas não consegue dizer não? Sim, é exatamente isso. As pessoas, por razões que vão desde a inércia, o medo de desagradar os outros ou o instinto que já programa nosso cérebro com respostas rápidas e afirmativas, geralmente não conseguem dizer não.

A pesquisadora Vanessa Bohns realizou experimentos sociais com cerca de 15.000 pessoas e ficou surpresa com a dificuldade das pessoas em dizer não aos pedidos inusitados que recebiam. 

A pesquisadora Bohns, que reuniu os experimentos no livro Você Tem Mais Influência do que Pensa, ainda sem tradução no Brasil, descreveu assim a dificuldade das pessoas em dizer não. “É incrivelmente estranho, desconfortável e difícil encontrar palavras para decepcionar o outro, mesmo sendo alguém que não conhecemos e com quem não temos nenhuma relação afetiva”, disse a pesquisadora a VEJA.

A questão realmente interessante é: como explicar esse comportamento humano? A neurociência é capaz de explicar as complexidades do comportamento das pessoas? Como ajudar as pessoas a lidarem de modo mais afetivo com os conflitos entre a razão e a emoção?

 

Neurociência e o estudo da relação entre cérebro e comportamento

A pesquisadora Dora Fix Ventura diz que “a neurociência compreende o estudo do controle neural das funções vegetativas, sensoriais e motoras; dos comportamentos de locomoção, reprodução e alimentação; e dos mecanismos da atenção, memória, aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação. Tem, portanto, uma importante área de interface com a Psicologia”. Ela diz que a evolução da Neurociência no Brasil ocorreu desde meados do século passado e foi incentivada pela criação de sociedades científicas específicas.

O estudo da relação entre cérebro e comportamento é um dos que mais desperta interesse; afinal, há ainda muitos mistérios quando se trata de compreender o comportamento humano. Mas, esses mistérios estão cada vez mais na mira dos estudiosos; não é sem razão que muitos consideram que o século 21 é o século do cérebro, quando as grandes conquistas da humanidade estarão dirigidas para a compreensão das funções neurais humanas.

 

O comportamento humano tem raízes da pré-história 

O neurocientista Ariovaldo Silva Júnior explica, por exemplo, que a dificuldade de dizer não ou negar ajuda até mesmo a estranhos tem raízes na pré-história quando as chances de sobrevivência eram maiores quando as pessoas se organizavam em bandos e colaboravam umas com as outras. Atualmente, mesmo não tendo o conhecimento disso, esse comportamento está “escrito” em nós; de modo que a nossa razão é suplantada pelo apelo emocional de cooperar com o outro.

Isso mostra que nossas decisões são menos racionais do que imaginamos. Lydia Kerkerian-Le Goff, Presidente da Neuroscience Society, e Dominique-Jacques Roth, psicanalista e psicólogo clínico, publicaram um artigo na L’Humanité em que mostraram que pesquisas em neurociências mostram que o cérebro codifica o que será feito antes da tomada de consciência e memorização de informações não conhecidas.

Essas descobertas mostram “a extraordinária adaptabilidade do cérebro e a influência do ambiente social e ecológico, do estresse, dieta ou atividade física em seu desenvolvimento, funcionamento e envelhecimento”. Há ainda muito para ser conhecido, mas já se sabe ser possível melhorar o desempenho cerebral através de uma adequação nos modos de educação, saúde e atividade social.

 

Tem interesse neste assunto, então conheça a Pós-graduação EAD em Comportamento Humano e Neurociência do Centro Universitário São Camilo.

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